Identificando o vazio espiritual.
- Edla Santa Brígida
- 3 de jun.
- 2 min de leitura
Há momentos na vida em que tudo parece estar no lugar: trabalho estável, relacionamentos presentes, saúde física preservada. E ainda assim, surge uma sensação de incompletude, como se algo faltasse, sem nome, sem forma, mas intensamente presente. Essa sensação muitas vezes é a manifestação de um vazio espiritual.

O vazio espiritual não é, necessariamente, ligado à religião. Ele está mais relacionado à perda/ausência de sentido, à desconexão com o eu mais profundo e à falta de alinhamento com algo maior do que a rotina material oferece. Viktor Frankl, psiquiatra austríaco e sobrevivente do Holocausto, abordou esse tema profundamente em sua obra "Em busca de sentido". Segundo ele, a principal motivação do ser humano não é o prazer, como dizia Freud, mas o sentido da vida. Quando esse sentido não é encontrado, surge o que ele chamou de “vazio existencial”.
O psicólogo americano Scott Peck, em "O caminho menos percorrido", argumenta que o crescimento espiritual é um dos principais pilares da realização pessoal. Para ele, muitos dos conflitos emocionais modernos não são apenas psicológicos, mas espirituais, e ignorá-los nos condena a uma vida de distrações vazias e desconforto interno.
A filósofa e escritora francesa Simone Weil também escreveu sobre essa sede do espírito. Ela dizia que a alma humana anseia por algo absoluto, e que muitas vezes esse desejo é confundido com carência emocional ou material. Mas, no fundo, trata-se de um chamado por conexão com o que é eterno, com o que transcende.
Identificar esse vazio espiritual exige coragem e escuta interior. Nem sempre ele aparece de forma clara. Às vezes se disfarça de tédio crônico, de desânimo mesmo em meio às conquistas, ou de uma sensação constante de estar “fora de si”. As distrações do mundo moderno: redes sociais, consumo, produtividade excessiva, atuam como analgésicos temporários, mas não curam o que pulsa por dentro.
Superar esse vazio não significa adotar uma crença específica, mas sim buscar reconexão com algo que faça sentido profundo: a natureza, a arte, a fé, a compaixão, o silêncio, a meditação. Como diz Rubem Alves, “o que a alma deseja não são coisas, mas sentidos”. E sentidos não se compram; se descobrem.
Portanto, se você sente que algo falta, mesmo sem saber o quê, talvez não esteja faltando algo, mas alguém: você mesmo, na sua forma mais íntegra, livre e conectada com o que realmente importa. #Autoconhecimento #VazioEspiritual #ViktorFrankl #RubemAlves #Psicologia #SentidoDaVida #ReflexãoDiária
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