Melancolia, angústia e saudade sob o olhar da psicologia emocional.
- Edla Santa Brígida
- 13 de nov.
- 2 min de leitura

Alguns dias amanhecem com um peso diferente. Acordamos antes de acordar por dentro. O peito aperta, o ânimo diminui, e uma mistura de melancolia, angústia e saudade parece ocupar o espaço que deveria ser do descanso. Esse conjunto de emoções não é incomum: ele reflete processos internos que ainda não encontraram nome, lugar ou pausa.
Do ponto de vista da psicologia das emoções, estados melancólicos matinais podem surgir quando o sistema nervoso está sobrecarregado. Pesquisas publicadas pela American Psychological Association (APA) mostram que, após períodos de estresse emocional, o cérebro tende a iniciar o dia mais sensível e reativo, especialmente quando o sono não foi restaurador ou quando há acúmulo de preocupações silenciosas.
A neurociência afetiva, área estudada por autores como Lisa Feldman Barrett (2017), explica que emoções como tristeza e angústia não “aparecem do nada”: o cérebro cria significados com base em memórias, sensações corporais e expectativas. Quando acordamos angustiados, muitas vezes o corpo está reagindo a sinais internos, não necessariamente a fatos externos.
Já a saudade, tema explorado por abordagens existenciais e humanistas, é compreendida como uma emoção que conecta o presente a valores profundos. Referenciais como Viktor Frankl (1946/2008) mostram que a saudade frequentemente indica laços que deram sentido à vida e cuja ausência momentaneamente desorganiza o mundo interno.
A Harvard Health Publishing (Harvard Medical School) esclarece que o cortisol, hormônio natural do despertar, costuma atingir seu pico pela manhã. Em pessoas emocionalmente sobrecarregadas, esse pico pode ser sentido como inquietação, aperto no peito ou sensação de alerta — interpretada subjetivamente como angústia.
Essas emoções, juntas, não sinalizam fraqueza. Elas sinalizam humanidade. E, sobretudo, sinalizam que algo dentro de você está pedindo pausa, cuidado e organização emocional.
Práticas baseadas em evidências para aliviar esse estado
1. Nomeação emocional consciente - Estudos mostram que dar nome ao que sentimos reduz a intensidade da emoção (Torre & Lieberman, 2018). Pergunte: “Estou triste, exausta, sobrecarregada, com saudade de quê?”
2. Exposição à luz natural pela manhã - Harvard (2020) destaca que a luz regula o humor e estabiliza o ritmo circadiano.Abra a janela, respire fundo, deixe o corpo perceber o dia.
3. Movimento corporal leve por 5 minutos - A movimentação ativa neurotransmissores associados ao bem-estar. Caminhe, alongue, espreguice.
4. Escrita expressiva - James Pennebaker (2016) demonstrou que escrever sobre sentimentos reorganiza pensamentos e diminui a carga emocional.
5. Contato social ou carinho de um pet - Estudos da Ohio State University (2009) mostram que a conexão com outras pessoas e até com animais, reduz a sensação interna de ameaça.
6. Rituaizinhos de presença - Café preparado com calma, banho quente, música leve. Pequenas âncoras trazem o corpo para o presente.
7. Autocompaixão ativa - Lembre-se: sentir não é erro — é sinalização. Evite o “não deveria estar assim”.

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